O CNMP (Conselho Nacional do Ministério Público) rejeitou em sessão na manhã desta terça-feira (10) o pedido do senador Renan Calheiros (MDB-AL) para que o procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato no MPF (Ministério Público Federal) de Curitiba, fosse afastado preventivamente do cargo.
Prevaleceu na decisão o espírito de corpo, que já havia se relevado com força noutras ocasiões. Deltan e outros procuradores da Lava Jato cometeram inúmeras ilegalidades na condução da operação que teve por principal objetivo o golpe de 2016 que afastou Dilma Rousseff da Presidência, a prisão e condenação de Lula e a criminalização da política.
O resultado final foi a eleição de Jair Bolsonaro, que recompensou o ex-juiz Sergio Moro pelos serviços prestados com o Ministério da Justiça. Com o prestígio em baixa após as revelações da Lava Jato, Moro vem sendo cozinhado em fogo brando pelo presidente da extrema direita, mas não quer largar o cargo.
As ilegalidades cometidas pela Lava Jato estão sendo naturalizadas com os favores da Globo e os meios de comunicação alinhados com o governo, que buscam inverter as cartas distribuídas pela Vaza Jato desvalorizando e criminalizando o belo trabalho do jornalista Glenn Greenwald, editor do The Intercept, em parceria com a Folha de São Paulo, El país, Veja e outros veículos.
A manipulação dos fatos, um exemplo do antijornalismo praticado diuturnamente pela mídia burguesa, é compreensível quando se tem em mente que, respaldando o trabalho sujo da Lava Jato e por trás do golpe de Estado de 2016 e da prisão de Lula, em abril de 2018, residem os poderosos e insaciáveis interesses dos grandes capitalistas brasileiros em conluio com o imperialismo americano.
O fato é que, enquanto não houver mudança maior no cenário político e reação mais enérgica da população, a aliança do corporativismo com o cinismo das classes dominantes que patrocinaram o golpe de 2016 e a restauração do neoliberalismo no Brasil vai assegurar a prevalência da impunidade e do escárnio.