Apesar da expectativa e do entusiasmo com a vinda da montadora, temos motivos concretos para ligar o alerta. O que está em jogo é saber se Camaçari será, de fato, um polo industrial de produção de veículos, ou se correremos o risco de nos tornarmos apenas um centro logístico de distribuição de peças e veículos semi-montados vindos da China.
Por que estamos preocupados?
Importação em larga escala: A BYD já opera com quatro navios próprios, com capacidade atual de transporte de 28 mil veículos por viagem. Até 2026, serão oito navios, podendo transportar 58 mil veículos por viagem. Isso pode significar um grande aumento nas importações diretas ao Brasil, com menos necessidade de produção local.
Nova rota marítima direta China–Brasil: A partir de 2025, a nova rota encurta o tempo de transporte de 60 para apenas 30 dias, barateando e agilizando ainda mais a logística internacional da empresa. Portos como Salvador (BA) estão na rota.
Sistema SKD: montagem mínima no Brasil: A proposta inicial da BYD é operar em Camaçari com o sistema SKD, em que os carros chegam com quase 70% prontos, exigindo apenas uma montagem rápida. Isso reduz drasticamente o número de empregos diretos na linha de produção.
Automação nos centros logísticos: Caso a unidade de Camaçari se torne predominantemente um centro de distribuição, com sistemas automatizados, o número de trabalhadores contratados tende a ser ainda menor.
Camaçari merece mais!
Nossa cidade tem história na indústria automobilística, tem mão de obra qualificada e merece uma fábrica de verdade, com produção plena, geração de emprego e desenvolvimento regional.
“O Sindicato dos Metalúrgicos continuará atuando com firmeza, cobrando transparência da empresa e compromisso com o povo de Camaçari e da Bahia. Não aceitaremos que o futuro da nossa cidade seja comprometido por estratégias comerciais de importação disfarçadas de industrialização”, afirma Júlio Bonfim.
Produção real, empregos reais. Esse é o nosso compromisso.
