Trabalhadores da Ford com dignidade não entram na fábrica

02/02/2021

Como colaborar com quem te ataca? Como ajudar quem te desrespeita? São reflexões como essas que os trabalhadores da Ford têm feito na hora de decidir pelo não retorno à fábrica para finalização de produtos pendentes na linha de produção da montadora americana. É preciso a chamada “vergonha na cara” para não aceitar esse papel de bobo proposto pela Ford.

Para o Sindicato, a postura é legítima e deve ser seguida por todos: não se pode trabalhar já sabendo que não há mais emprego. Quem falta com respeito é a Ford, que de uma hora para outra anunciou o fechamento da fábrica em Camaçari, e no Brasil, pegando todos de surpresa.

Sem nenhum planejamento ou discussão prévia envolvendo poder público e Sindicato, a montadora surpreendeu a todos ao finalizar as atividades no país de forma abrupta, na base do oportunismo.

Depois de 20 anos se beneficiando com isenções fiscais, a Ford, sem nenhuma cerimônia, ataca não só os trabalhadores, mas a sociedade como um todo. Já que a demissão em massa de milhares de trabalhadores é um duro golpe contra a economia da Bahia.

Essa trapalhada irresponsável da Ford termina com certeza por dificultar até mesmo os seus próprios negócios, no momento em que a instabilidade das operações passa a ser um risco sempre incontrolável.
Agora, além de não retornarem à linha de produção – e sem perspectiva ainda de uma nova empresa para ocupar o parque industrial – os trabalhadores lutam por uma indenização justa. Já que não há chance da Ford retroceder, o Sindicato tem empenhado suas forças na construção de um acordo que assegure as indenizações. Mas, não está fácil. A Ford faz de tudo para dificultar as negociações, desrespeitando e atropelando o que verdadeiramente os trabalhadores têm direito.

“Nenhum trabalhador deve aceitar voltar à linha de produção nessas condições, estando demitido. É um absurdo. Se a Ford encerrou as atividades e não há chance de permanecer em Camaçari, que negocie então as indenizações de forma justa”, explica o presidente do Sindicato, Júlio Bonfim.

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