O encerramento das atividades do Complexo Ford em Camaçari, anunciado no início deste ano pela montadora americana, finalizou um ciclo de enorme crescimento do emprego e da renda em toda a Região Metropolitana. Foram 20 anos de muitas lutas e grandes conquistas para os trabalhadores e o Sindicato dos Metalúrgicos.
Apesar do fim arbitrário e dramático adotado pela montadora, a história da Ford em Camaçari é a história de superação e avanços de uma categoria que marchou unida ao longo de duas décadas. Nos últimos anos, mesmo com a crise econômica e, mais recentemente, a pandemia, os metalúrgicos de Camaçari alcançaram vitórias expressivas, muitas vezes históricas, que se tornaram referência para a classe trabalhadora brasileira.
Assim foi nas conquistas de aumento real; redução da jornada de trabalho sem corte de salários; pagamento de abonos; ações que asseguraram milhares de empregos e impediram demissão em massa; retorno do Terceiro Turno; acordos de dois anos de duração que preservaram os direitos da categoria, entre tantos feitos conquistados pelos trabalhadores da Ford e pelo STIM Camaçari.
Se agora é um momento de reflexão com o fechamento da fábrica e o pagamento das rescisões, é igualmente importante enaltecer toda a trajetória de lutas e conquistas protagonizadas pelos metalúrgicos, que resultaram em anos de trabalho e ganhos em Camaçari e toda a Região Metropolitana.
Acordos de dois anos e estabilidade coletiva do emprego
Com o agravamento da crise econômica, o Sindicato por mais de uma vez, de forma estratégica, fechou acordos com a Ford de dois anos de duração, garantindo aumento real de salários e outros direitos mesmo diante dos cenários mais adversos. Uma forma de proteger os funcionários da montadora.
Nesses contratos, também era assegurada a estabilidade coletiva do emprego, que não permitia que a Ford demitisse em massa, salvando milhares de empregos, diferente de outras montadoras no país, que retiravam direitos e demitiam seus trabalhadores sem piedade.
Lay off e retorno do Terceiro Turno no Complexo Ford
Em 2016, em um dos momentos mais críticos da crise econômica, o Sindicato buscou alternativas e impediu a demissão em massa com o fechamento de acordo de lay off, que suspendeu os contratos de trabalho de centenas de trabalhadores, salvando esses empregos. Depois, com a melhora do cenário, os funcionários voltaram aos seus postos de trabalho, possibilitando, na época, a reativação do Terceiro Turno, uma grande vitória para o chão de fábrica.
Investimento no patrimônio, no lazer e na capacitação da categoria
Nos últimos anos, o Sindicato investiu pesado no bem estar da categoria, começando pela construção do Metal Clube, inaugurado em 2014, em Jauá, palco de muitos eventos de confraternização, como São João, Dia das Crianças etc. Também foi entregue a nova sede Administrativa, no centro de Camaçari, mais moderna, ampla e estruturada, local de realização de assembleias e atividades, como o projeto “Educação também é com a gente”, que deu aulas de graças aos trabalhadores, como preparativo para o ENEM e concursos públicos, em parceria com o grande mestre Jorge Portugal.
Aumento real de salários e pagamento de abono
Apesar do jogo duro imposto pela Ford nas negociações, o Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari sempre conseguiu avançar nos acordos envolvendo reajuste de salários, com a conquista de aumento real, acima da inflação. Nos ganhos financeiros, também se destacava o pagamento de abono em toda a fábrica, tornando- se referência para empregados de outras montadoras e mesmo de empresas de outros setores no Brasil. Tudo isso, graças à habilidade do STIM Camaçari no processo negocial e aos trabalhadores, na unidade das mobilizações e das greves.