Nível de emprego reflete a composição da estrutura ocupacional existente, no Brasil marcada pela informalidade e desproteção trabalhista l Foto: Fotos Públicas
A crise sanitária aberta pela pandemia do coronavírus impactou negativamente a economia e, por consequência, a classe trabalhadora. A forma com que os governos conduziram as medidas de enfrentamento da onda viral ajuda a entender diferentes resultados em relação ao emprego destruído, por exemplo.
De maneira geral, o nível de emprego contraído recentemente também reflete a composição da estrutura ocupacional existente, bem como o seu comportamento nos últimos anos. Destaca-se, nesse sentido, como o nível e a composição das ocupações foram afetados negativamente desde o início da grave recessão em 2015 no Brasil.
Entre o último trimestre de 2014 e o trimestre móvel (nov/dez2019/jan2020) que antecedeu a chegada da covid-19 no país, o total da ocupação aumentou 1,2 milhão de pessoas, pois passou de 92,9 milhões para 94,1 milhões de trabalhadores. Em contrapartida, o desemprego que era de 6,4 milhões de pessoas aumentou para 11,9 milhões no mesmo período de tempo.
Nos EUA, por exemplo, quase 84% dos empregos destruídos ocorreram no setor de serviços. Enquanto no Brasil esse mesmo setor econômico respondeu por menos de 67%. A diferença encontra-se no fato de que a destruição dos empregos dos brasileiros ter sido quase 3 vezes mais elevada no setor produtivo, sobretudo na indústria.
Por fim, no setor de serviços, dois aspectos interessantes a registrar. O primeiro relacionado ao fato do comércio no Brasil ter respondido por quase 27% do total da destruição dos empregos e o de lazer e entretenimento por 18,5%. Enquanto nos EUA o comércio respondeu por menos de 15% dos empregos perdidos e o entretenimento e lazer por 37,3%.
O segundo aspecto deriva do reconhecimento que nos EUA a administração pública atingiu quase 5% do total do emprego destruído em abril de 2020. No Brasil em contrapartida, a administração pública representou menos 3% do total dos empregos destruído.