Um sonoro “panelaço” contra o presidente Jair Bolsonaro, em todas as regiões do País, agitou a noite desta quarta-feira (18) – Dia Nacional de Luta em Defesa do Emprego, do Serviço Público e da Educação. As primeiras manifestações começaram por volta das 19 horas, durante o novo pronunciamento de Bolsonaro no Palácio do Planalto sobre as ações de combate à pandemia do coronavírus.
Pouco antes das 20 horas, o protesto já ecoava por capitais como São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília Belo Horizonte, Salvador, Recife, Fortaleza, Porto Alegre e Florianópolis. Sons de batidas na panela, bumbos, apitos, cornetas e fogos se somavam a palavras-de-ordem como “Fora, Bozo!”, “Fora, Fascista!” e “Acabou, Bolsonaro!”. Em algumas cidades, essas mensagens eram projetadas em prédios e paredes. Houve, ainda, piscar de luzes. Nas ruas, ouviam-se buzinas.
“O ‘panelaço’ aconteceu em todo o Brasil, em muitos lugares, de uma maneira muito forte, o que demonstra a insatisfação geral da população. Cada vez mais, esse governo mostra sua face e fica desgastado”, avalia Iago Montalvão, presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes). “As pessoas começam a perceber o risco que correm com Bolsonaro na Presidência. A luta contra o governo cresce novos patamares a cada dia.”
Embora a reação criminosa do presidente à crise do coronavírus tenha estimulado o “panelaço”, Bolsonaro não foi o único alvo. O ministro da Economia, o ultraliberal Paulo Guedes, foi alvo de críticas também. Manifestantes defenderam o SUS (Sistema Único de Saúde) e rechaçaram a Emenda Constitucional 95, que impôs o teto de gastos sociais.
As centrais sindicais, o movimento estudantil, a Frente Brasil Popular e a Frente Povo sem Medo recorreram, de última hora, à estratégia do “barulhaço” para marcar o Dia Nacional de Luta. Por causa do acelerado avanço do coronavírus no país, as entidades decidiram suspender as manifestações de rua, já que aglomerações podem pôr em risco a população. O “panelaço”, no entanto, atraiu ainda mais adesões e foi uma ação histórica de resistência.
Um dia antes, na noite de terça-feira (17), diversas cidades fizeram uma espécie de “esquenta” para o “panelaço”, aproveitando também um pronunciamento presidencial. Assim, por dois dias seguidos, a resistência de trabalhadores, estudantes e do povo em geral se deu não em praças e ruas tomada – mas das janelas de casas e prédios.
A exemplo do que ocorreu em 2019, nos chamados “tsunamis da educação”, as chamadas “classes médias” se somaram à oposição ao bolsonarismo. Tanto que a reação do governo se revelou um fiasco. Na tentativa de ofuscar a resistência, Bolsonaro chamou um “panelaço” a seu favor para as 21 horas. Mas o alcance não foi maior que o Dia Nacional de Luta em nenhuma cidade. Opositores do governo também foram às janelas depois das 21 horas – mas para vaiar Bolsonaro.
Fonte: Portal Vermelho